BABELANDIA



Na BABEL da bíblia, Ninrode tinha um plano ousado. Limitar o espaço geográfico a ser ocupado pelos homens. E daria certo, não fosse a intervenção divina para confundir as línguas. O resultado foi uma péssima comunicação e a paralisação da obra.
O mundo foi povoado, a terra se encheu de pessoas, mas a confusão persiste até hoje. Os homens modernos construíram uma torre que pode ser vista de qualquer parte do mundo e deram-lhe o nome de Globalização. No mundo globalizado ninguém pode perder a grande torre de vista, sob pena de ser excluído do sistema capitalista que rege o mundo. O problema é que, em face à diversidade de línguas, povos e culturas, somadas as diversidades sócio-econômicas, a confusão ganha proporções estratosféricas.
Temos uma economia que admite poucos com muito, muitos com pouco e milhares sem nada. Enquanto tem gente se banhando com água mineral, tem gente bebendo lama. Uns comem caviar e outros comem biscoito de terra, ampliando a lista (que já  é enorme) de desigualdade social entre pessoas iguais perante o criador.
Na política, temos líderes sem caráter que mandam e desmandam e sempre dão um jeito de se perpetuar no poder. A constatação de que há corrupção nos palácios é mera bravata de puritanos, uma vez que os poderosos, blindados por sistemas que eles mesmos criaram,  sequer tomam conhecimento da voz das ruas.
Nossa teologia já foi contaminada pela pluralização. Tem evangelho pra todo gosto, aliás, a reforma de Lutero não é mais suficiente. Teólogos e “telógos” modernos reformam, a seu bel prazer, a teologia, na medida em que adaptam o evangelho ao gosto popular.
Nossas estruturas estão desmoronando. Família, escola, casas de leis e igrejas já não recebem o tratamento respeitoso que merecem, até porque não se sabe ao certo se elas merecem tal tratamento. As pessoas querem ser livres! Isso seria louvável se não tivéssemos perdido o real conceito de liberdade. A liberdade virou sinônimo de anarquia. Sem regras, sem lei e sem ordem. Cada um se desviando pelo seu próprio caminho, fazendo opção sexual, moral, ética e religiosa, como quem escolhe uma marca de tênis.
A escola ensina, a igreja ensina, a TV ensina, a internet ensina, os especialistas (e agora tem especialista pra tudo) ensinam. Todos versam sobre os mesmos assuntos com opiniões divergentes. Tem bíblia pra todo gosto, igreja pra todo gosto, família de todo tipo e programas, quase sempre inúteis (incluindo alguns evangélicos e/ou religiosos), para uma geração confusa.
A avalanche de informações em quantidade infinitamente superior ao que somos capazes de assimilar fazem as pessoas infelizes, confusas e com a sensação de estarem sempre: burras, pobres e atrasadas.
BABEL é fichinha diante da BABELANDIA que se tornou o mundo moderno.

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