MORTE LENTA

Uma mulher... Isso basta! Sem nome e sem prestígio. Não há nenhum registro de seus feitos na história, não existe nenhum livro de sua autoria, nenhuma rua com seu nome ou alguém que tenha se preocupado em escrever sua biografia.
Seu nome não figura entre os heróis da fé do capítulo 11 de Hebreus. Aliás, esse é outro detalhe. Sua história jamais seria digna de ser contada por um hebreu.
Se pudéssemos (eu disse pudéssemos) resumir sua história em duas palavras certamente elas seriam “morte lenta”. Certamente essa história não é digna de um filme de Hollywood, nem mesmo de uma produção nacional. Pode não merecer uma análise freudiana ou comentário de autores renomados, mas o produto final dessa obra é simplesmente impressionante.
Doze anos em processo de morte. Tudo começou quando a menstruação dela demorou mais do que o normal. A constatação de uma hemorragia incurável mudou completamente sua rotina. De médico em médico (considerando a época estavam mais para curandeiros já que o tratamento não tinha a sofisticação de hoje), de hospital em hospital e de farmácia em farmácia. A fatura era muito alta e o dinheiro foi se acabando.
O processo de morte, acelerado na medida em que o sangue (vida) se esvaia, atinge proporções estratosféricas para aquela mulher. Ante a eminente condenação à morte o que primeiro morre é a sua dignidade. Seu nome é substituído por um pseudônimo nada agradável “a mulher do fluxo de sangue”. A doença mata seus relacionamentos. Numa sociedade legalista, a mulher com uma hemorragia era tida como amaldiçoada. Amigos e parentes mudam o jeito de olhar para ela, ninguém quer ser visto ao seu lado, ninguém quer ter seu nome associado à sua imagem.
O status que ocupava também desmoronou. Sem dinheiro, ela já não é bem tratada pelos médicos, não é bem recebida nas farmácias e é excluída do sistema de saúde da época. Outro pseudônimo lhe é conferido “a ex-empresária falida”. Os bancos não lhe dão crédito e os amigos fogem dela como o diabo da cruz temendo que lhes peça dinheiro emprestado.
O processo de morte que já atingiu em cheio seu corpo, saqueou seu tesouro e a colocou à margem da sociedade, agora atinge a alma. Morre a esperança. Qualquer pessoa que conhecesse sua história ou tivesse acesso ao diagnóstico médico saberia que sua doença era progressiva e irreversível. Outra alcunha lhe seria conferida pela sociedade “a mulher sem esperança”.
Há mais de uma década ela vive sua morte de cada dia. Para onde ir sem amigos, sem dinheiro e sem saúde? Que hospital beneficente a receberia? Que cristão teria coragem de hospedá-la em sua casa e cuidar dela?
__Cristão? Você disse cristão?
Aqui muda tudo. Ela ouviu falar de Jesus Cristo. Alguém lhe disse que o mestre curava as pessoas que conseguissem tocar em suas vestes. Um lampejo de vida em sua alma faz nascer a fé que vem pelo ouvir, interrompe imediatamente o processo de morte e começa um processo de ressurreição.
RESSUSCITA esperança! A fé anda de mãos dadas com a esperança. Finalmente uma esperança para uma mulher que está morrendo há doze anos. Suas alcunhas mudam. Agora é “a mulher que tem esperança”. Nada mudou (ainda) em relação ao seu estado físico, mas tudo mudou em seu interior.
RESSUSCITA mulher guerreira! Nada de entregar os pontos! Ela volta a lutar pela vida e vai em busca do milagre. “A mulher que luta por um milagre”. Enfrenta multidão, rompe preconceitos e arrisca tudo até chegar ao mestre que parece estar à sua espera na caminhada para a casa de Jairo.
Ela toca em Jesus, recebe a cura e o processo de restauração está chegando ao final.
RESSUSCITA dignidade! O mestre faz questão de publicar o milagre. Ele não precisa disso, mas ela precisa. Jesus arranca os rótulos que a sociedade impôs àquela mulher e declara publicamente: “Não precisam mais fugir dela. Não apostem mais na sua morte! Ela está livre desse mal”. As palavras dirigidas à mulher impactaram muito mais a multidão que ouvia de boca aberta a declaração divina acerca daquela mulher.
A morte tentou levá-la durante doze anos. Jesus lhe devolveu a vida com apenas um toque. Durante doze anos a vida ia se esvaindo e a cada etapa de seu tratamento era como se ela ouvisse: Moooorrraaaa... Moooooorrrrraaaaa... mooooorrrrraaaaaa... O eco da morte tinia desesperadoramente em seus ouvidos todos os dias.
No dia em que tocou em Jesus o poder da vida que emana do mestre Galileu lhe invadiu totalmente o corpo e alma dando um brado de ordem: VIIIIVAAAAAA! Toda sua estrutura biológica obedece à voz de comando e reage milagrosamente para a vida. Quem foi se arrastando até Jesus voltou andando e saltando de alegria.
A voz da morte ou o brado da vida? VOCÊ DECIDE a quem vai dar ouvido.

Deus te abençoe.

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