E o mandato vai para...
Autorização que alguém confere a outrem para praticar em seu nome certos atos; procuração, delegação. Essa é a definição para a palavra mais comentada ultimamente no meio político. MANDATO.
A pergunta que não
quer calar é: De quem é ele? Uns dizem que ele pertence ao político e outros
que é do partido. Porém, como sempre, o povo não é consultado para dar sua
opinião sobre quem deve ficar com o mandato.
A verdade é que a
confusão já vem de longe. Nunca na história desse País se ouviu falar tanto do
Partido dos Trabalhadores (PT), como no primeiro mandato de Lula. Mas, depois
da poeira debaixo tapete, que de tanto molhar, (com lágrimas de crocodilo),
alguns dirceus, lulas e Cia, transformaram em lamaçal, os marketeiros trataram
rapidamente de desvincular a imagem do governo da imagem do partido.
Agora, defende-se
com unhas e dentes a fidelidade partidária argumentando-se que o mandato não é
do político e sim do partido.
Não me lembro de
ter votado especificamente em uma sigla partidária ou ter digitado apenas o
número do partido na urna eletrônica. A bem da verdade, a esmagadora maioria
dos eleitores brasileiros nem sabe o que aconteceria se digitassem o número 13
ou 45 ou qualquer outro número de um partido e confirmassem o voto. Para quem
iria esse voto? Estaria eu elegendo um desconhecido total para ser meu
representante?
Parece mais
prudente, para alguns, não falar sobre isso. Afinal, quem quer saber? O que os
olhos não vêem o coração não sente e se os ouvidos não ouvirem quem vai pensar
sobre o assunto? Mas os nossos olhos viram e os nossos ouvidos ouviram (e ainda
me lembro) o presidente Lula dizer que não é do PT e sim do Brasil. Durma-se
com um barulho desses!
O certo é que nós
votamos no candidato e não no partido, mas, uma vez eleito ele tem o dever de
defender a bandeira do seu partido em detrimento da vontade de seus eleitores.
Se o partido defende uma idéia, lá está o meu candidato, para me matar de raiva
com um megafone maior que ele dando o suor pela causa que eu abomino ou,
simplesmente não quero defender.
De quem devo
cobrar? Do partido? Do meu candidato? Perguntas difíceis exigem respostas
difíceis. Por que será que não trocam em miúdos essa história?
Penso que ao usar
a palavra fidelidade antes da palavra “partidária”, eles acabam conseguindo o
que querem, a simpatia do povo. Não resta dúvida de que fidelidade é uma coisa
boa, mas depende a quem ela é devotada. Imagine que Bin Laden tem seus fiéis e
que é através deles que detona tudo. É claro que George Walker Bush também tem
os seus.
Essa palavra
coberta de certa religiosidade soa como algo sagrado que pode “resgatar” alguns
perdidos do meio político.
Me assusta o
marketing feito em cima dessa idéia e o tratamento político dispensado a esse
tema. Posso estar exagerando, mas entendo que a solução não está na fidelidade
partidária e sim na fidelidade ao eleitor. Não importa o que pensa o partido se
esse pensamento não beneficia aqueles a quem ele representa. O político deve
estar onde o povo está, e, mais que isso, deve ser parte desse povo.
Tô pouco me
lixando para a sigla de um partido ou o boton de um parlamentar. O que me
interessa é a folha de trabalho que ele, como funcionário do povo, deve
apresentar.
Enquanto os nossos
políticos forem apenas profissionais da política, representantes de interesses
partidários e tiverem direito a imunidade parlamentar vamos assistir “golfando”
no sofá, o corporativismo sujo que defende os ladrões e os laranjas (eu disse
ladrões e laranjas e não ladrões de laranjas) do poder.
Enquanto política
significar grana e poder e o povo for a massa de manobra desse poder, não
adianta defender a fidelidade partidária. Ela será mais um tapete vermelho para
esconder as sujeiras do palácio.
Viva a democracia!
Viva a pluralidade partidária! Viva a liberdade de expressão! Viva o pula-pula
de galho-em-galho!
Continuo sonhando
com um Brasil melhor onde a pluralidade e diversidade sejam ingredientes de uma
nação com um objetivo. Quem tem objetivo definido tem futuro garantido. Quem
sabe aonde quer chegar já tem com que se preocupar – certamente algo muito mais
valioso que a fidelidade a um partido político.
Caro leitor.
Permita-me terminar este artigo sonhando. Sonhando com o dia em que teremos
motivos verdadeiros para dizer em alto e bom som, no meio de uma frenética
comemoração.
Viva o Brasil!
Viva os brasileiros! Viva! Viva! Viva!
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